quinta-feira, 16 de setembro de 2010

UMA LINDA ESTÓRIA (autor desconhecido)


Sentado ali em frente ao seu congá, o velho zelador dirigente do terreiro, relembra com surpreendente nitidez a sua infância e seu primeiro contato com a espiritualidade.
Nitidamente ele se vê na tenra infância a brincar sozinho no amplo quintal da casa de seus pais. Lembra-se que alguma coisa o fez olhar para as nuvens e que diante dele uma estranha imagem se formou; um velho sentado ao redor de uma fogueira e um menino a ouvir-lhe as histórias.
De alguma forma, o menino ao ver aquela cena, sabia que se tratava dele mesmo.
O tempo passou e a cena jamais foi esquecida e também jamais revelada, o acompanha em sonhos e lembranças. Cresce e acaba por se tornar um médium umbandista.
Aos poucos vai conhecendo seus guias que vão tomando seu corpo nas diversas “giras de desenvolvimento”. Primeiro o Caboclo, que lhe parece muito grande e forte; depois os demais até que ao completar 18 anos, o seu Exú também recebe permissão para incorporar


Já não é mais médium de gira. A bem da verdade, ocupa o cargo de Pai Pequeno de Terreiro. Percebe que não tivera uma adolescência com a da maioria dos jovens que lhe cercam na escola. Não vai a bailes, festas …. Dedica-se com uma curiosidade e um amor cada vez maior à prática da caridade.
Os anos passam e ele acaba por abrir seu próprio terreiro. Inúmeras pessoas procuram seus guias e recebem sempre um lenitivo, uma palavra de consolo, uma esperança.
Foram tantos os pedidos e os trabalhos realizados que já perdera a conta. Viu inúmeras pessoas que declaravam amor eterno pela Umbanda se afastarem, criticando o que ontem lhes era sagrado, porque alguns de seus pedidos, não haviam sido alcançados na plenitude desejada.
Presenciou pessoas que vindas de outras religiões, encontravam a paz dentro do terreiro. Este, era mantido a duras penas já que nada cobrava pelos trabalhos realizados. “Daí de graça, o que de graça recebestes”.
Solteiro, permanecia até hoje pois embora tivesse muitas mulheres que lhe foram caras, nenhuma delas suportou ficar a seu lado.
Para ele, a vida sacerdotal se impunha a qualquer outro tipo de relacionamento.Mesmo assim, amava todas aquelas que lhe fizeram companhia em sua jornada terrena.
Brincava o velho Pai de Santo quando lhe perguntavam se era casado…. Respondia bem humorado que se casara muito cedo, ainda menino. A curiosidade dos interlocutores quanto ao nome de sua mulher era satisfeita com uma só palavra: Umbanda. Este era nome de sua mulher.


Com o passar do tempo a idade foi chegando. Muitos de seus Filhos de Fé seguiram seus destinos, vindo eles próprios, a abrir suas casas de caridade. O peso da idade não o impede de receber suas entidades e ainda ecoa pelo velho e querido terreiro o brado de seu Caboclo; o cachimbo do Preto Velho ainda perfuma o ambiente, a gargalhada do Exú ainda impressiona, a alegria do Erê emociona a ele e a todos… Enfim, sente-se útil ao trabalhar.
Hoje não tem gira, o terreiro está limpo, as velas estão acessas e tudo parece normal. Resolve adentrar ao terreiro para passar o tempo. Perdera a noção da horas.
Apura os ouvidos e sente passos ao seu redor. Percebe que alguém puxa os pontos e o atabaque toca. Ele está de frente para o congá. O cheiro da defumação invade suas narinas…. Seus olhos se enchem de lágrimas na mesma proporção que seu coração se enche de alegria. Estranhamente não sente coragem ou vontade de olhar para traz…. apenas canta junto os pontos.
Apenas canta junto os pontos. Fixa as imagens do altar, fecha os olhos e ainda assim vê nitidamente o congá. Parece que percebe o movimento do terreiro aumentar e vira de costas para o congá e a cena o surpreende: Vê Caboclos, Boiadeiros, Pretos Velhos, Marujos, Baianos, Erês e toda uma gama de Guias. Até os Exús e Pombas -Giras estão ali na porteira. Se dá conta que os vê como são – não estão incorporados, todos lhe sorriem amavelmente.
Dentre tantos Guias percebe aqueles que incorporam nele desde criança. Tenta bater cabeça em homenagem a eles, mas é impedido. O Caboclo, seu Guia de frente, se adianta e lhe abraça, brada seu grito guerreiro, sendo acompanhado pelos demais.
O Velho Pai de Santo não agüenta e chora emocionado.as lágrimas lhe turvam a vista. Ele fecha seus olhos e ao abrí-los, todos os Guias permanecem em seus lugares, porém calados….
Nota uma luz brilhante em sua direção. Iansã e Omulú se aproximam. Seu Caboclo os saúda e é correspondido.
A luz o envolve. Já não se sente velho, na verdade, sente-se jovem como
nunca, seu corpo está leve e levita em direção à luz.
Todos os Guias lhe fazem reverência.
O terreiro vai ficando longe, envolto em luz….. Sorri alegre. Missão cumprida. No dia seguinte encontram seu corpo aos pés do congá. Parece que sorri….

Curta nossa página no facebook:
TUOD Tenda de Umbanda Ogum Delê

REMÉDIOS HOMEOPÁTICOS

Os leitores de plantão devem concordar que esta semana que está se encerrando foi bem recheada de notícias que nos interessam e atingem,vejamos o exagerado enfoque que o programa ''FANTÁSTICO'',está dando aos que se dizem profissionais de medicinas alternativas,mostrando um trabalho que jamais será considerado pela medicina convencional nem tão pouco considerado pelos conselhos de medicina,ou qualquer outro órgão que normatize e fiscalize a prática médica.
Da mesma forma que a religião é coisa séria,ciência também o é,e ai incluimos medicina, independente de qual vertente se expresse.
Tanto a medicina alopática como a homeopática no intúito de promover a saúde,a cura e o bem estar do indivíduo exige de quem assim as exerçam,extenso conhecimento prático,teórico envolvendo toda a anatomia,fisiologia,bioquímica,farmacologia,biofísica,microbiologia,psícopatologia e psícologia médica  e outras tantas mais disciplinas que mostram o funcionamento da máquina humana.
È inadmíssivel que pessoas sem sem preparo teórico-prático oriundos dos bancos acadêmicos,ao longo de no mínimo seis anos,se julguem aptas á exercer esses ramos da ciência,de maneira irresponsável e inconsequente.
Não existe técnico em medicina alopática ou homeopática e mesmo se assim existissem,essas pessoas não poderiam exercer a lida profissional,pois lhes faltaria a base para promover com segurança o bem estar e a melhora da qualidade de vida aos indivíduos.
Sabemos nós, Umbandistas de boa fé que nossos mentores ou entidades espirituais normalmente aviam receitas de banhos das mais variadas combinaçoes e até mesmo ''garrafadas'' com medicamentos extraídos da natureza,e da combinação de inúmeras ervas medicinais,envoltas em vários processos de maceração,infusão ou outras formas de utilização requisitadas por uma entidade espiritual.Aqui na T.U.O.D,jamais,em hipótese alguma recomendamos a substituição ou troca de medicamentos de preparo espiritual,pelos medicamentos farmacológicos,pois entendemos que os tratamentos físicos não necessitam de fé sobrenatural para seu funcionamento,diferente dos tratamentos espirituais que sempre são melhor movimentados se abastecidos com quantidades generosas de fé.
Sempre faço questão de salientar que sou contra toda e qualquer prática,sem bases concretas,morais e éticas,sendo para mim esta postura charlatã merecedora de ser punida com rigídez,afinal se está colocando em risco a vida de pessoas incaltas e inocentes.
Quando um preto velho,um caboclo ou qualquer outra entidade,está manuseando ervas para serem utilizadas para uma finalidade de amparo á saúde,ocorrem uma série de eventos que a ciência desconhece ou ridiculariza,pois aquele medicamento que está sendo processado não irá atuar apenas no corpo físico e sim no períspirito do necessitado,daí a diferença entre um mentor espiritual e um suposto técnico, preparar estas fórmulas,a entidade sempre estará preocupada para que aquela composição de elementos jamais altere o metabolismo físico e de certa forma tente trazer algum alivio,até que a medicação ou tratamento terrestre surta efeito no organismo humano,sabendo que para seu perfeito resultado,estará também este medicamento esbarrando no merecimento do corpo doente,e se for do merecimento do mesmo estar enfermo não será nem o remédio homeopático ,nem o laboratorial que surtirá efeito.
Respeito as pessoas técnicas,mas não existe ''técnico-médico'',ou técnico-cirurgião,se abrirmos  precedente para uma especialidade que fôr,logo qualquer especialidade médica poderá ser realizada por um técnico;com esta afirmação deixo claro que não estou contra ninguém,sou a favor da coletividade no qual estes indivíduos estão inseridos.Por maior que seja a habilidade de um açougueiro em utilizar sua faca para abrir um boi,conhecendo cada parte de seus músculos e ossos,certamente ninguém levará um parente seu para se submeter á uma cirurgia,levaríamos sim, o paciente para receber cuidados médicos com um médico,inclusive especializado no assunto em questão,nada contra o açougueiro,apenas reconhecemos que a habilidade de cada um deve ser utilizada na sua especialidade.
Não podemos permitir qua a maldade mídiatica mais uma vez tente nos associar á práticas negligentes,colocando a sabedoria milenar de nossas entidades em paralelo com pessoas mal intencionadas que utilizam estes métodos para se promover ou para ganhar a vida.
Quando uma entidade está atendendo e tentando ajudar alguém está munido de total despreendimento e não pensando em  ''PATENTEAR'',suas combinaçoes homeopáticas para posteriormente serem vendidas á um bom preço e sim realizando um profundo estudo para saber quais as combinaçoes que podem vir a auxiliar no reequilibrio físico,mental, espiritual e psíquico do consulente.
È o mesmo caso de alguns médiuns que mesmo munidos de extrema boa vontade para a prática espiritual,se apressam em realizar funçoes sacerdotais antes de estarem devidamente preparados e municiados para esta função,colocando em risco pessoas que não sabem diferenciar joio e trigo,á estes dois modelos comportamentais (o falso médico e o falso sacerdote),o meu total repúdio!

Curta nossa página no facebook:
TUOD Tenda de Umbanda Ogum Delê

domingo, 12 de setembro de 2010

ISSO NÃO VAI MUDAR JAMAIS?

Lendo esta semana a reportagem da jornalista Heliana frazão para a uol,diretamente de Salvador capital bahiana,constatamos com tristeza que a tal da ''INTOLERÂNCIA RELIGIOSA'',está mais viva do que se imagina,a repórter averiguou como anda a situação dentro de vários estabelecimentos de ensino e os resultados,relatos e confissoes são surpreendentes ou aterradores como preferirem.Crianças narram situaçoes vexamatórias em função de sua opção religiosa ser descendente de matrizes afro-brasileiras,após inúmera pesquisas feitas foi notado que a maior parte das situaçoes discriminatórias partem das religioes neopentecostais,que possuem em seu histórico uma tradicional forma de associar nossos cultos á ''demonização'',tornando as mesmas mal vistas e mal faladas.
Foi visto que muitas crianças em idade escolar e mesmo seus familiares são hostlizados ,até mesmo com extrema violência,chegando ao ápice de serem apedrejados em seu trájeto rumo á escola,isso sem mencionar que educadores e profissionais ligados ao ensino se vêem obrigados á abandonarem seus empregos,isto quando já não afastados sem justa causa,por mencionarem a fé que professam dentro da esfera profissional que atuam ou abordar algum tema que possa se referir á assuntos de religiosidade afro descendente.Isso é uma enorme violência contra nossa constituição,e até mesmo contra os direitos humanos,mesmo sabendo que  isto constitua uma agenda invísivel dentro da política de  sistema educacional do brasil.
Este imenso ato de banalização do livre arbítrio,se deve ao grande aumento de comunidades neopentecostais que se multiplicam em velocidade alucinante em todas as regioes e consequentemente do seu poder midiático.Vamos ver se o documento que será apresentado no Rio de janeiro no próximo dia 19,contendo várias recomendaçoes para tentar sanar este problema surtirão efeito em uma sociedade históricamente acostumada a discriminar as suas minorias.
Este documento será enviado á organismos internacionais,incluindo a ORGANIZAÇÃO DAS NAÇOES UNIDAS,a (ONU),propondo a criação de ferramentas que forcem a implementação da lei 10639/2003,que visa tornar obrigatório o ensino de toda a história e cultura africana e afro-brasileira na educação básica.
Sabemos que atitudes como essa não exterminarão totalmente esta doença social,muita coisa precisa ser feita para que fatos lamentáveis como estes não mais ocorram,enquanto isso será que teremos que ser humilhados por pessoas que desconhecem nossa prática religiosa?
Dias desses estava com minha esposa em um hospital público de minha cidade,preenchendo uma ficha de internação,para uma intervenção cirúrgica que ela teria que fazer,durante nossa conversa, em alguns momentos até me surpreendi com a simpatia que a recepcionista estava nos acolhendo,visto que quando falamos de ''SUS'',nem sempre é assim,pois estávamos sendo muito bem tratados.
A conversa estava de certo modo agrádavel e dentre as várias perguntas que tínhamos que responder,a atendente se mostrava perfeitamente amigável...,até a derradeira pergunta:''QUAL SUA RELIGIÃO?'',que foi prontamente respondida por minha esposa: SOU UMBANDISTA!
Sabem aquela mudança climática que ocorre rapidamente e quase sempre nos pega desprevenidos?,pois foi isso que aconteceu,toda aquela simpatia e boa educação que a atendente nos ofertara até aquele momento, foram rapidamente se transformando em um trevoso olhar de desconfiança e repúdio,chegando ao ponto de eu (não me aguentando de raiva), indagá-la pela sua mudança de comportamento,que foi desconfortavelmente negada,fatos como estes acontecem aos montes por aí,todos os dias,mas infelizmente muitos de nós, Umbandistas e Candomblecistas,preferem tomar um comportamento mais passivo e submisso do que se defrontar com alguém e criar atritos que possam tomar maiores envergaduras.
Imaginem o que sentem,crianças que são humilhadas,atacadas e discriminadas por conta de sua religião?,uma imensa vontade de abandonar essas práticas,para serem mais respeitadas ou queridas dentro de suas sociedades infantís,ai fica outra pergunta:''COMO SERÁ A CONTINUAÇÃO DE NOSSA RELIGIÃO?'',visto que inúmeras crianças,jovens e adolescentes preferem ter uma ''suposta boa vida social'',do que práticar uma religião que lhes cria tantos problemas.Se criança ou adolescente praticante de culto afro,na cidade de Salvador (leia-se:berço das religioes afro),é tratado como FILHO DO DIABO,imaginem o que passam e ouvem crianças de outros estados ou cidades onde a influencia neopentecostal é mais abrangente e atuante.O que é mais engraçado em tudo isso que estes mesmos segmentos religiosos abominam tanto o ''DIABO'',mas já repararam, ou por visitar um templo,ou por assistir na tv algum culto evangèlico, á quantidade de vezes que eles citam o nome do diabo,satanás e lúcifer?
Não me lembro de trabalhos de umbanda ou candomblé ficarem citando estes nomes no decorrer de seus cultos!.Levando em conta o ensinamento espírita que diz que somos reflexo do pensamos e acreditamos,quem será que tem mais afinidade com o diabo?