Acontecem fatos em nossa vida,que nos fazem esquecer que estamos no ano de 2010,século XXI e moramos num país onde a democracia reina e nossos governantes atestam sermos nós totalmente livres para professarmos nossa crença e religião,afinal de acordo com nossa constituição somos um país laico e respeitador dos direitos universais do ser humano.
Pena que isso só funcione no papel e não na prática,nos remetendo aos primórdios da nossa existência onde tudo era resolvido á ferro e fogo.
Sábado passado, dia 30 de outubro de 2010,passei por uma experiência lamentável em minha estrada sacerdotal,fazendo me lembrar das adversidades que os umbandistas mais antigos viveram no ínicio de nossa sagrada religião,onde eram severamente perseguidos por sua fé e prática religiosa.
Estava com uma médium recolhida,em obrigação de santo em nossa tenda de umbanda e decidimos levá-la á um rio de águas limpas para realizar sua catulação,exatamente no sítio natural de sua orixá OXUM,que é sua santa de frente,óbvio que por mais concentrada que ela estava,não conseguiu esconder a felicidade e alegria em ter esta proximidade com o reino de sua mãe Oxum,fato novo para ela inclusive.
Nos preparamos físicamente para este procedimento,reunimos todo o material necessário para sua realização e decidimos sobre o local,que é numa cidade próxima de Blumenau,onde serpenteia um rio lindo,de margens floridas e água limpa,totalmente forrado de pequenos seixos claros,arredondados simétricamente pela natureza,sendo assim perfeitos OTÁS para nossos fundamentos e trabalhos.
Nos vestimos,aprontamos toda a documentação necessária para realizarmos eventos ao ar livre e nos dirigimos para o local de nosso trabalho,felizes e ansiosos para ter este contato com a natureza e com Oxum.
Lá chegando,fomos recepcionados com uma suave correnteza,que foi acrescida pela breve chuva do dia anterior,aumentando o nível do rio tornando-o mais vigoroso e belo.
O sol nos cobria com seus raios,trazendo-nos uma sensação branda de calor e lindos pássaros presenciavam os preparativos para o ínicio de nosso trabalho...,tudo estava acontecendo como o planejado,até que fomos brutalmente abordados por um cidadão,aparentando uns 60 anos,que se dizia proprietário da barranca de rio onde estávamos,ele se mostrou exageradamente irritado com nossa presença e pouco aberto ao diálogo,onde pessoas racionais e amistosas sempre acabam por se entender.
''Subentende-se que toda faixa territorial que cerca rios,lagos,encostas marítimas,indo do preamar(divisa de água e terra),se estendendo por 33 metros,pertencem á marinha por decreto,não podendo ser negociado em esferas legais,pois se tratam de áreas de mata ciliar''.
Educadamente indagamos ao nervoso homem,onde estaria a demarcação,placas ou cerca que pudesse nos avisar que aquele espaço era particular,nos privando de utilizá-lo e tivemos como resposta,inúmeras ofensas,xingamentos e ameaças á nossa integridade física,nos chamavam de macumbeiros,bruxos,mandingueiros e toda a vasta galeria de opçoes que nós umbandistas somos associados,não apenas pelo senhor,como agora por seus dois filhos de avantajado porte físico.
Evitamos o agravamento da situação e mesmo já tendo acionado a polícia,nos retiramos do local,pois certamente seríamos agredidos e as coisas poderiam tomar destinos piores..
Vale salientar que nossa comitiva era de 4 pessoas,sendo eu o único homem,talvez porisso o excesso de agressividade que fomos tratados.
Procuramos a delegacia de polícia mais próxima de onde estávamos e registramos queixa contra este ato de total covardia e intolerância religiosa,contra nosso direito de expressarmos nossa fé.
Infelizmente este senhor e seus adoráveis filhos,serão processados e terão que dar explicaçoes á lei .
Não estou preocupado com a repercussão que isto vai ter,apenas quero cooperar para tentarmos acabar com este câncer que é o preconceito religioso
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