Existem algumas atitudes que além de demonstrarem nosso respeito, falam mais que mil palavras não é mesmo?
Pois bem, acredito que quando os médiuns umbandistas entenderem essa colocação e começarem a agir prestando atenção no respeito e no exemplo que estão demonstrando e promovendo, a Umbanda será vista pela sociedade de forma muito mais elevada do que acontece hoje em dia.
É, acredito realmente que Posturas, Atitudes e Conhecimento são fundamentais para alcançarmos uma Umbanda mais aceita, mais respeitada e mais séria.
O fato é que essas posturas e atitudes estão vinculadas ao modo que os médiuns se comportam fora e dentro do terreiro, já o conhecimento está atrelado à capacidade de responder pela e sobre a Umbanda.
No entanto, percebo que muitos médiuns não têm postura, atitude e muito menos conhecimento condizente com a Umbanda e com todos seus fundamentos e tradição, posso citar como exemplo, a falta de conhecimento que muitos médiuns têm sobre o “simples” ato de ENTRAR NO TERREIRO.
Sei que parece bobo dar esse exemplo, afinal existem “coisas” tão mais importantes na Umbanda, mas realmente acredito que todos os médiuns umbandistas devem ser respeitosos, devem ter o conhecimento e estarem conscientes do que é um Terreiro, dos fundamentos que envolvem “entrar em um Terreiro”, das Forças assentadas e do trabalho realizado dentro daquele espaço mágico, portanto, é seu dever, sempre que atravessarem a fronteira do profano para o Sagrado, ou seja, sempre que entrarem em um Terreiro, fazerem as devidas saudações sabendo o que cada ato significa, mesmo porque, eles nunca saberão quando e por quem serão questionados sobre determinados movimentos e atitudes que normalmente se faz ao entrar em um terreiro.
Mesmo sabendo que cada terreiro tem sua forma específica de realizar suas saudações, quero pontuar algumas atitudes, que espero, faça a diferença neste ato que particularmente entendo ser de suma importância, uma atitude de respeito às Forças Divinas que sustentam aquele Terreiro e o próprio médium, além de exprimir uma postura condizente à Umbanda e seus Poderes Divinos.
Em primeiro lugar, o médium ao adentrar no terreiro deve Saudar as Forças dos Exus/Guardiões e das Pombagiras/Guardiãs assentadas na Tronqueira e para tanto, deve parar por alguns minutos de frente à tronqueira e com a cabeça baixa, agradecer a permissão de sua entrada naquela Casa Santa. Caso seja necessário, nesse momento também se pede para os espíritos negativos, que por ventura estão perturbando o equilíbrio do médium, sejam recolhidos e encaminhados pela Força da Esquerda com a permissão de Ogum Delê,dono de nossa casa,consequentemente o agradecimento e os momentos de permanência de frente à tronqueira serão maiores. Portanto deve-se sempre agradecer a guarda, a força e a proteção que ELES proporcionam em nossas vidas e ao terreiro.
Normalmente e dependendo do terreiro, durante esses momentos de agradecimento bate-se palmas três vezes e/ou toca-se no chão saudando o “embaixo” também três vezes pronunciando sua saudação que é “Laroye Exu. Exu é Mojubá!”. Segundo a ‘Enciclopédia brasileira da Diáspora Africana’ de Nei Lopes, Laroye significa: interjeição de saudação a Exu, um dos nomes de Exu e Mojubá significa: fórmula de saudação e reverência, dirigidas pelos fiéis aos orixás. Do ioruba ‘mo juba’, “eu (te) reconheço como superior”.
Em um segundo momento deve-se Saudar o Congá e o Altar, locais e pontos Sagrados que devem ser respeitados, afinal, é entre tantas coisas, onde se realizam as grandes trocas de energias, é onde todas as Irradiações Divinas estão concentradas e consequentemente são projetadas a todos, principalmente sobre aqueles que reconhecem e aceitam esse Poder Divino.
Para saudar o Congá deve-se saudar sua coroa com amão direita,de forma respeitosa e humilde e cumprimentar Pai joaquim,pedindo sua licença para trabalhar em sua casa.
Já o ato de “Bater Cabeça” não deve ser ou se tornar um ‘costume’ ou uma ‘repetição’, mas uma atitude de reverência, entrega, devoção e adoração diante dos e pelos Sagrados Orixás. É nessa hora que comungamos com Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum, Obaluayê, Iemanjá e com todos os Guias Espirituais, é nessa hora que pedimos que nos ajudem a mantermos nossos olhos fechados para o ciúme, para o egoísmo e para a inveja, assim como nossos ouvidos fechados para a intriga e para a curiosidade que fortifica a fofoca.
É nessa hora que pedimos que nos ajudem a manter nossos corações abertos para o amor, para a fé, para a compaixão e para a esperança, e que nossa mente esteja sempre aberta para o discernimento, para a sabedoria e para a paciência. Que nos ajudem a manter nosso espírito purificado e iluminado para que assim possamos servir de “simples” instrumentos de Deus, da Lei e da Justiça Divina. É o momento de agradecer, agradecer e agradecer por essa oportunidade única que temos por estar diante do Poder Divino, diante dos Orixás.
Além disso, é o momento de absorver as potências energéticas da Terra pedindo para ela transmutar todos nossos pensamentos e sentimentos negativos, além de nos envolver com a Sabedoria Sagrada de nossa ancestralidade que em tempos remotos foi levada a terra.
E por fim, e não menos importante, o médium deve Saudar, ou melhor, Tomar a Benção de seu Pai Espiritual.
Quando isso ocorre, o “filho” está reconhecendo seu Pai Espiritual como o detentor dos conhecimentos da Lei de Umbanda e como seu orientador, portanto é ele que o conduzirá, o sustentará e o protegerá dentro da doutrina religiosa umbandista e diante da própria vida.
“Tomar a Benção” é sim um procedimento de reconhecimento e de respeito à Hierarquia, mais do que isso, é um ato de entrega, respeito e confiança, portanto aquele que “dá a benção” tem que estar consciente de suas responsabilidades, assim como deve rever e reavaliar seus atos constantemente para que eles sejam e estejam idôneos à sua posição. “Tomar a Benção” ou “Dar a Benção” é coisa séria e tem fundamento, portanto é preciso ter Atitude, Respeito e Conhecimento.
Aproveitem um pouco daquele “olhar de poeta” e percebam: quando o médium toma entre suas mãos a mão de seu Pai Espiritual e a beija respeitosamente levando-a até a sua testa e beijando-a novamente, ele está saudando, determinando e reafirmando sua fé acima de tudo a Trindade Divina.
Percebam que são três atos, beijar a mão, colocar na testa e beijar novamente, o que significa o respeito à Trindade, além disso, ao beijar pela primeira vez o médium está afirmando que aquela mão tem “poder”, tem “conhecimento” e tem “autoridade”; ao colocar essa mão na testa o médium está afirmando que somente aquela mão tem a permissão de tocar em sua coroa – afirmativa que magneticamente e vibratoriamente dá proteção àquele médium pois dificulta a ação de espíritos negativos que continuamente tentam “dominar” o mental do mesmo – automaticamente o Pai silenciosamente “pede” para que todo seu Saber seja absorvido por aquele ‘filho’, afinal sem conhecimento não há evolução, e intimamente, ao tocar com as mãos na testa de seu filho, o Pai diz: “eu te dou o meu Saber meu filho, receba e evolua em espírito”; por fim, ao beijar novamente a mão do Pai espiritual, o médium está confirmando o desejo de que aquelas mãos preparadas o conduza no trabalho espiritual e no encontro aos Orixás, por isso que ao pedir a benção o Pai Espiritual responde “Seja Oxalá quem lhe abençoe meu filho”. Importante perceber que com essa afirmativa o Pai já está proporcionando o encontro do médium com os Orixás. Basta ter Fé, Atitude, Respeito e Conhecimento.
É, a Umbanda tem fundamento sim, e é nosso dever e nossa obrigação saber “preparar”.
É nosso dever e nossa obrigação saber se comportar, ensinar e respeitar. É nosso dever e nossa obrigação dar bons exemplos e responder por nossos atos e pela Umbanda, mesmo porque, na Umbanda NADA É SIMPLES, mas tudo é de uma simplicidade impar. Fiquemos atentos!!!
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigado Pai Mario!
ResponderExcluirCleiton Henschel
Muito didático, agradeço.
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