Dentre as inúmeras
perguntas que recebo, uma em especial, vinda de uma médium de outra casa, me
chamou a atenção pela lógica da pergunta e por se tratar de uma preocupação que
deveria ser de todos os médiuns praticantes:
Em alguns
momentos, nós podemos prejudicar as nossas entidades de umbanda?
E a resposta é
“obviamente sim”!
Vivemos
falando em doutrina que, todos os nossos atos e condutas irão definir nossa
qualidade como médiuns e sempre, tudo o que realizarmos dentro de nossa conduta
mediúnica irá agradar ou desagradar os planos superiores e nossos guias
precisam de disciplina e bons comportamentos para nos protegermos de nós mesmos
e principalmente de nos defendermos das artimanhas das forças trevosas que
sempre tentam nos induzir aos erros comportamentais.
Baseado
nisso, falarei sobre a importância do “Orai e Vigiai” com relação as entidades,
guias, protetores de umbanda, sobre o quanto nós os prejudicamos e atrapalhamos
quando esquecemos dessa máxima, do quanto contraímos de karma quando os
prejudicamos, não somente os nossos guias (que tudo perdoam), mas também as
pessoas encarnadas que eles orientam e ajudam, como também, os desencarnados
carentes de orientação ou disciplina.
A consciência de que, quem realmente faz a umbanda são as entidades, consciência de que se você não estiver “prestando” prá trabalhar quem decide é a entidade, consciência do que é ser umbandista, consciência de que quem faz caridade é a entidade, guia, protetor, guardião. Médium apenas resgata karma!
*
Quando nos dirigimos ao terreiro “sujos”; o que é um médium da umbanda sujo?
Não
se iludam achando que é somente o médium que não tomou o banho preparatório ou
o banho comum mesmo, conheço e vejo, muitos médiuns que estão com os “banhos em
dia” mas que sempre transmitem uma aura suja, ou seja, impregnada de
sentimentos profanos.
Entenda-se
por sentimentos profanos: ciúme, inveja, prepotência, arrogância, idolatria,
avareza, pensamentos desequilibrados, indisciplina, indolência, etc. estando um
médium munido de tudo isso, não há banho de ervas que tire ou limpe.
*
Quando, durante a gira ou nos momentos de passe, deixamos o nosso mental ser
impregnado por pensamentos torpes, profanos ou pouco elevados, como por
exemplo:
1-
Ficar observando os comportamentos dos irmãos de fé, manifestados ou não, sem
que isso, em momento algum, seja para
pós gira, orientá-lo ou ajudá-lo á se corrigir, mas sim , para simplesmente
julgar ou entrar em rodas de conversas para criticar, zombar e rir.
2-
Observar o comportamento dos consulentes na hora do gira ou momento do passe,
sem ser com o objetivo de orientá-los sobre a disciplina e as normas da casa,
ou sobre o entendimento do que esteja sendo feito pela entidade, mas sim,
novamente, simplesmente julgar ou entrar em rodas de conversas para criticar,
zombar, rir ou manifestar interesses ainda piores...
3-
Quando, em momentos de culto ou necessidade, nos recusamos a “dar passagem” aos
nossos guias porque estamos tão preocupados com nossas próprias mazelas que
achamos que não estamos em condições emocionais ou físicas para o trabalho
mediúnico... falsa humildade! Falso egoísmo!
Que
tal deixarmos para as próprias entidades decidirem se estamos ou não em
condições?
Se
realmente estivermos sem condições para o trabalho, a própria entidade
manifestada dará apenas a sua irradiação mas não permanecerá acoplada.
Mas
não né ?; Insistimos em saber mais do
que elas!
Além
do mais esquecemos também, quantas vezes aprendemos durante o camboneamento
das consultas, quantas vezes vemos um
consulente passando por problemas
semelhantes aos nossos e somos indiretamente orientados pelo guia em terra.
4-
Quantas vezes durante os passes e atendimentos, por não “irmos com a cara” do
consulente, interferimos na consulta, vibrando antipatia, atrapalhando a
incorporação, ao ponto, muitas vezes, da entidade ter que apagar nosso
discernimento, encaminhar o consulente
para outra entidade, ou ainda, ser obrigado a terminar logo a consulta? Somos
sempre os certos, né?
5-
Desejar sexualmente um(a) irmão(ã) de fé ou consulente; você esquece que as
entidades do astral olham tudo?
Vocês
se esquecem (se é que saibam disso) que a entidade que vocês estão servindo
(seus guias) sente ou percebe estes pensamentos pecaminosos?
Vocês
se esquecem (se é que saibam disso) que uma entidade devidamente manifestada ao
perceber este padrão mental simplesmente desencorpora?
Toda
vez que tomarmos qualquer atitude incoerente ou incompatível com a doutrina
umbandista, nós prejudicamos não somente as nossas entidades, mas a própria
umbanda.
Outros
pequenos deslizes também prejudicam e entristecem muito nossos guias, detalhes
que parecem pequenos, mas conotam bons ou maus comportamentos: sujar reinos da
natureza, desrespeitar irmãos de fé, trair o nosso cônjuge, nos omitirmos
diante de uma injustiça, silenciarmos diante de uma calunia, etc.
Eu
poderia escrever muitas postagens a respeito do quanto prejudicamos as nossas
entidades de umbanda, mas será que adiantaria?; Será que você leria até o fim?
Porque
o respeito ao preceito em não ingerir bebida alcoólica e não fazer sexo antes
das giras, a grande maioria segue e respeita, mas por outro lado, do que
adianta seguir estes preceitos disciplinares se nosso mental está preocupado
com a “balada” que está marcada para depois da gira?
De
que adianta não comer carne vermelha no dia do culto se você estiver pensando
demasiadamente no choppinho que vai tomar após o gira, na pessoa que vai
paquerar ou “ganhar”?
Será
que você realmente estará com uma postura decente para o trabalho mediúnico, se
estiver com isso na cabeça?
Como
sempre alerto nossa família em doutrina, eu prefiro um médium que tenha feito
sexo ou comido carne vermelha no dia de gira, mas que seu sentimento esteja
voltado para o servir e para a caridade no dia da gira, do que um que não faça
sexo ou tenha comido carne há um ano, mas esteja cheio de rancor ou inveja
dentro do seu coração.
Não
sejamos hipócritas! A espiritualidade tudo vê, tudo sabe e não cabe a você
julgar o outro!
Se
um médium faz sexo na véspera da sessão com a esposa dele, porque ficou viajando
um mês inteiro ou muito atarefado e estava morrendo de saudades...ora esse sexo
será até salutar! ;afinal, imaginem como
estariam os pensamentos dele durante a gira:
só pensando na hora de ir embora prá poder “matar a saudade”.
Não
iria atrapalhar mais ?; é você quem vai julgar isso? ou é a entidade?
Penso
que aprender a controlar nossos “instintos e apetites” , teoricamente é o que
deveria nos diferenciar dos animais não?
Orai e vigiai sim, sempre, mas este comportamento só adianta se
você tiver uma coisa chamada consciência!
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