Lendo esta semana a reportagem da jornalista Heliana frazão para a uol,diretamente de Salvador capital bahiana,constatamos com tristeza que a tal da ''INTOLERÂNCIA RELIGIOSA'',está mais viva do que se imagina,a repórter averiguou como anda a situação dentro de vários estabelecimentos de ensino e os resultados,relatos e confissoes são surpreendentes ou aterradores como preferirem.Crianças narram situaçoes vexamatórias em função de sua opção religiosa ser descendente de matrizes afro-brasileiras,após inúmera pesquisas feitas foi notado que a maior parte das situaçoes discriminatórias partem das religioes neopentecostais,que possuem em seu histórico uma tradicional forma de associar nossos cultos á ''demonização'',tornando as mesmas mal vistas e mal faladas.
Foi visto que muitas crianças em idade escolar e mesmo seus familiares são hostlizados ,até mesmo com extrema violência,chegando ao ápice de serem apedrejados em seu trájeto rumo á escola,isso sem mencionar que educadores e profissionais ligados ao ensino se vêem obrigados á abandonarem seus empregos,isto quando já não afastados sem justa causa,por mencionarem a fé que professam dentro da esfera profissional que atuam ou abordar algum tema que possa se referir á assuntos de religiosidade afro descendente.Isso é uma enorme violência contra nossa constituição,e até mesmo contra os direitos humanos,mesmo sabendo que isto constitua uma agenda invísivel dentro da política de sistema educacional do brasil.
Este imenso ato de banalização do livre arbítrio,se deve ao grande aumento de comunidades neopentecostais que se multiplicam em velocidade alucinante em todas as regioes e consequentemente do seu poder midiático.Vamos ver se o documento que será apresentado no Rio de janeiro no próximo dia 19,contendo várias recomendaçoes para tentar sanar este problema surtirão efeito em uma sociedade históricamente acostumada a discriminar as suas minorias.
Este documento será enviado á organismos internacionais,incluindo a
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇOES UNIDAS,a (ONU),propondo a criação de ferramentas que forcem a implementação da lei 10639/2003,que visa tornar obrigatório o ensino de toda a história e cultura africana e afro-brasileira na educação básica.
Sabemos que atitudes como essa não exterminarão totalmente esta doença social,muita coisa precisa ser feita para que fatos lamentáveis como estes não mais ocorram,enquanto isso será que teremos que ser humilhados por pessoas que desconhecem nossa prática religiosa?
Dias desses estava com minha esposa em um hospital público de minha cidade,preenchendo uma ficha de internação,para uma intervenção cirúrgica que ela teria que fazer,durante nossa conversa, em alguns momentos até me surpreendi com a simpatia que a recepcionista estava nos acolhendo,visto que quando falamos de ''SUS'',nem sempre é assim,pois estávamos sendo muito bem tratados.
A conversa estava de certo modo agrádavel e dentre as várias perguntas que tínhamos que responder,a atendente se mostrava perfeitamente amigável...,até a derradeira pergunta:''QUAL SUA RELIGIÃO?'',que foi prontamente respondida por minha esposa: SOU UMBANDISTA!
Sabem aquela mudança climática que ocorre rapidamente e quase sempre nos pega desprevenidos?,pois foi isso que aconteceu,toda aquela simpatia e boa educação que a atendente nos ofertara até aquele momento, foram rapidamente se transformando em um trevoso olhar de desconfiança e repúdio,chegando ao ponto de eu (não me aguentando de raiva), indagá-la pela sua mudança de comportamento,que foi desconfortavelmente negada,fatos como estes acontecem aos montes por aí,todos os dias,mas infelizmente muitos de nós, Umbandistas e Candomblecistas,preferem tomar um comportamento mais passivo e submisso do que se defrontar com alguém e criar atritos que possam tomar maiores envergaduras.
Imaginem o que sentem,crianças que são humilhadas,atacadas e discriminadas por conta de sua religião?,uma imensa vontade de abandonar essas práticas,para serem mais respeitadas ou queridas dentro de suas sociedades infantís,ai fica outra pergunta:
''COMO SERÁ A CONTINUAÇÃO DE NOSSA RELIGIÃO?'',visto que inúmeras crianças,jovens e adolescentes preferem ter uma ''suposta boa vida social'',do que práticar uma religião que lhes cria tantos problemas.Se criança ou adolescente praticante de culto afro,na cidade de Salvador (leia-se:berço das religioes afro),é tratado como FILHO DO DIABO,imaginem o que passam e ouvem crianças de outros estados ou cidades onde a influencia neopentecostal é mais abrangente e atuante.O que é mais engraçado em tudo isso que estes mesmos segmentos religiosos abominam tanto o ''DIABO'',mas já repararam, ou por visitar um templo,ou por assistir na tv algum culto evangèlico, á quantidade de vezes que eles citam o nome do diabo,satanás e lúcifer?
Não me lembro de trabalhos de umbanda ou candomblé ficarem citando estes nomes no decorrer de seus cultos!.Levando em conta o ensinamento espírita que diz que somos reflexo do pensamos e acreditamos,quem será que tem mais afinidade com o diabo?