Depois muitas pessoas dizem que eu sou saudosista e
puxa-saco de paulistas e de São Paulo,mas não tenho culpa de achar as pessoas
de lá mais humanas e menos hipócritas do que muitos daqui...
Nesta minha viagem prá sampa,estava na fila do
habib´s,tentando pegar umas esfihas, quando presenciei uma cena que me chamou á
atenção pelo amor dedicado á um estranho e olha que o estranho latia na
calçada!
Vi uma moça bonita, de pele e mãos bem cuidadas,
com boas roupas e com uma das mãos no bolso de trás da calça. Ela perguntava atendente qual era o lanche mais barato. Eu, e
creio, a atendente também, estranhamos a pergunta. A moça repetiu, agora em tom
de voz mais alto, e enquanto a atendente pedia licença para socorrer um colega
de trabalho, duas crianças, talvez irmãos, encostaram no balcão aproximando-se
da perna da moça e pediram alguns trocados,coisa que em São Paulo é
irritantemente normal... Estavam sujos, com olhar focado nas imagens do
cardápio e com as mãos sobre o balcão voltadas para cima. Rapidamente, com um
leve passo à direita e enquanto olhava ao redor como se estivesse procurando
alguém ou conferindo algo, a moça respondeu aos meninos com outras tantas
perguntas: cadê sua mãe? Estão estudando? São irmãos?…Após as respostas, em
parte enroladas, a moça negou: não tenho não, desculpe.
Com a volta da atendente os meninos foram
“delicadamente” afastados permitindo a continuação do atendimento: a senhora
quer o lanche mais barato? Temos este que custa R$6,00 ou este que custa
R$9,00…
- Pode ser qualquer um, é para dar para aquele
cachorro lá – ela
apontava para um cachorro de rua, enquanto sacava uma nota de R$10,00 do bolso.
Ela, a atendente, eu e mais algumas pessoas que
testemunhavam aquela cena viramos em direção do cão que … (não acho uma palavra
para descrever)… brincava com aqueles meninos.
Rapidamente o cupom fiscal foi impresso, o troco
dado e o lanche entregue. Por alguns minutos eu, a próxima da fila, e a
atendente ficamos olhando os movimentos da moça que seguia em direção do
cachorro já abrindo a embalagem.
Perto dele, sentou-se no chão, sorriu, brincou,
falou de forma mansa e serviu o lanche permitindo que o cachorro pulasse em suas
pernas,já sujando sua calça Calvin Klein,(não tinha como não ver a marca!)
Os meninos ficaram em pé acompanhando aquele
momento “mágico” sem nada pronunciarem. Segundos depois, talvez pelo peso dos
olhares, a moça os percebeu ao seu lado, colocou novamente a mão no bolso
retirando o troco e disse: oh, para vocês…
O mais velho apanhou rapidamente e saíram correndo
em direção à rua comemorando e disputando o maior número de moedas. A moça
acariciava o cachorro e insistia que ele comesse, pois nem parecia tão faminto
como o Xirú ,meu cachorro!
Senti um cutucão, era a família que estava atrás de
mim dizendo para fazer o pedido. Um pouco distraído saí da fila, sentei no
primeiro banco vago que encontrei e pensei:
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