Muitos médiuns e até alguns frequentadores de minha casa, me
perguntam porque recrimino tanto alguns sites,blogs e num aspecto mais
amplo,informações na internet em geral sobre nossa religião.
Ora,leio cada absurdo,cada informação equivocada, chegando a
conclusão que não tem como, um médium inexperiente não se perder nas armadilhas
da grande rede e se confundir em seu aprendizado.
Jamais poderia ser permitido mostrar-se de forma tão
explícita as entranhas de nosso culto á pessoas,neófitos,iniciantes ou não e
incrédulos que não tem a menor obrigação de compreendê-las,pois sabemos nós
quão plural é, a variedade de formas de se fazer umbanda.
Ciente disso,entendo cada vez mais que, as tentativas de
alguns grupos,centros,faculdades de teologia em normatizar ou padronizar a
nossa umbanda são uma enorme perda de tempo e esforços infundados,não sei
porque os ‘’detentores do conhecimento’’ dentro de nossa religião não
compreendem de uma vez por todas que é justamente esta pluralidade de culto que
torna nossa umbanda tão fascinante e mística ao mesmo tempo e jamais serão
padronizadas á uma única forma de se fazer,pois cada casa,ilê,terreiro,centro
etc, possuem dentro de seu DNA espiritual, uma enorme carga hereditária
proveniente de suas origens,do aprendizado de seus fundadores e de suas
ramificações espirituais e físicas que nunca irão adulterar seu jeito de
trabalhar em prol de uma vontade física de meia dúzia de arrogantes que se
acham donos da razão,pois não sei se sabem estes doutores da umbanda,o astral é
contra esta padronização,ou codificação como alguns denominam...
Muitas casas estão nascendo atualmente ao redor do
mundo,porém nascem nuas de fundamentos e ricamente vestidas de suposta
intelectualidade! – o que quero dizer?; que muitos Pais/Mães de Santo (cada vez
mais) acham que podem substituir vivência,permanência,aprendizado dentro de
terreiro por livros,apostilas,horas de navegação e cursos disso e daquilo.
Ora me perdoem quem esteja fundamentando seu terreiro
assim,mas jamais pode se trocar a experiência adquirida com a convivência de
situações,visualização e aprendizado de trabalhos,camboneamento de
entidades,participação nas rotinas de uma casa santa,por uma série de livros da
moda que são escritos com mais interesses comerciais do que didáticos, me
perdoem os órgãos,terreiros,escolas e demais instituições que ministram cursos
on line, EAD´s sem supervisionamento e cursos apostilados...vocês sabem que
estão fomentando o charlatanismo, o auto sugestionamento,etc o despreparo
completo de pseudo-médiuns que podem até tentar,mas jamais estarão devidamente
preparados e aptos ao sacerdócio e muito menos aos problemas espirituais e as
demais adversidades que surgirão na estrada.
Concordo plenamente que alguns núcleos umbandistas devam
abandonar o ‘’biblismo’’ e o ‘’igrejismo’’ e gradativamente modernizar um pouco
o formato de seu culto,seus regimentos,seus costumes,mas daí a se ‘’dessincretizar’’
totalmente nosso culto,julgo totalmente desnecessário e arriscado:
Desnecessário, pois nossas imagens,nossos tambores,nossos
paramentos, em nenhum momento nos remetem ao primitivismo de nossa religião e
sim em instrumentos de trabalho e motivadores de fé
Arriscado,pois estaríamos adulterando um formato de culto
que já está enraizado em nós desde nossos ancestrais e todas as vezes que
perdemos ou modificamos a essência de alguma coisa,jamais á recuperamos em sua
íntegra.
Vejo nossos órgãos competentes atuando de forma conivente e
acolhedora ao charlatanismo e mercantilismo em nossa religião,pois se um
‘’marmoteiro’’ qualquer se põe á atender incautos,cobrar trabalhos,realizar
inúmeros falsos prodígios em nome de nossa amada religião,porém em seu recinto
ostenta um quadro de alguma federação,comprovando que o mesmo está em dia com
sua mensalidade/anuidade,vocês querem que eu acuse quem?
Onde está o supervisionamento que as federações que nos
cobram mensalidades deveriam realizar,para comprovar a pureza e a competência
de um terreiro ao atendimento e a iniciação de médiuns?
Onde está a averiguação á falsos sacerdotes (izas) que se
utilizam de nossa religião apenas como forma de sustento,abandonando a
religiosidade de lado e fazendo subir o número de pessoas descrentes e
desiludidas acerca de nosso culto.
Como sempre digo e devem os ‘’ícones de sabedoria’’ de nossa
religião saber também,nossa umbanda nem é e nunca será uma religião de massa,
de milhões de adeptos,até porque não fazemos parte de uma seita convertedora
qualquer e sim somos uma religião (odeio quando a denominam seita)onde as
pessoas se achegam por adesão,logo se não tivermos bons disseminadores de nossa
imagem e de nossos ritos,estamos fadados á cada vez mais ficarmos apenas com as
sobras de outras religiões.
Dentro deste cenário sócio-cultural-didático ,onde surgem
sacerdotes,chefes de terreiros e pais de santo aos montes,vejo muito gente
tentando se municiar de informação,mas não se vinculando sériamente ao trabalho
caritativo,o que para o astral deixa uma enorme lacuna,totalmente inabitável.
Vejo este pouquíssimo conhecimento filosófico,apresentado
por estes mercantilistas de nossa fé,adulterarem tanto nossos fundamentos,promovendo
uma modernização descabida,enquanto magismos verdadeiros vão se perdendo e cada
vez mais aparecendo corruptelas vazias
de axé em seu lugar,profanando ritos antiguíssimos,vindos de um período
antecessor á anunciação da Umbanda feita pelo Caboclo das sete Encruzilhadas.
A idéia do axé e da permissão sacerdotal fácil,sem muita
dedicação,sem empenho,sem renúncias,sem obstinação, seduz um número cada vez
maior de tolos que se intitulam médiuns,porém desconhecem seu verdadeiro perfil
exigido pelas esferas superiores,e é justamente isso que estes malditos cursos
prometem: aprendizado sem abstinêcia de nada em suas vidas,podendo ir-se aos
cursos e antes da aula, tomar uma cerveja e comer uns petiscos num bar
próximo...e ainda acham que isto tem validade?acham que o desconhecimento de
informações passadas apenas á médiuns, dentro de um desenvolvimento mediúnico
não irão lhes fazer falta?
Acham que podem superar com livrinhos,anos de contato ‘’in
loco’’ com as mais variadas situações que a prática mediúnica lhes descortina
ao conhecimento?
Estes pseudo-médiuns vagueiam de casa em casa e não
conseguem se fixar em lugar algum pois sua vaidade, egocentrismo e pouca
experiência não lhes permite e ainda culpam á tudo e todos por serem tão
volúveis sem saber, desconhecendo o sábio ditado que: ‘’pedra que rola muito
não cria limo’’
Acham que suas casas e suas zeladorias são sempre culpados
pela sua própria incompetência em continuar trilhando o as vezes árduo caminho
umbandista,justamente por ter costumes,hábitos e manias á tanto tempo
arraigados em seu estereótipo que não mais conseguem se desvencilhar deles.
Até quando vamos ter que conviver com as asneiras que os
‘’baluartes’’ de nossa umbanda tentam pregar,não no sentido de modernizar ou
codificar propriamente a umbanda,mas sim realizarem propagandas subliminares de
suas instituições?
Até quando verei minha casa ,que á 16 anos realiza um
trabalho assistencialista e digno de nossos ensinamentos,num sentido
generalizado,ser difamada,denegrida por conta de alguns péssimos representantes
de nossa fé,que somente se utilizam de nossa religião e mal conhecem seus
fundamentos?
Até quando terei que ouvir tristes relatos de pessoas que
foram lesadas,roubadas,extorquidas,chantageadas,agredidas,abusadas
sexualmente,etc e tiveram tantos traumas no contato com nossa religião, que
hoje mostram-se totalmente descrentes da possibilidade de ainda existirem bons
e honestos trabalhadores de nossa seara.
Quanta sujeira ainda teremos de ver acontecer e os supostos
órgãos competentes de nossa religião nada realizarem para coibir este circo que
algumas casas estão tentando transformar
nossa umbanda.
Quero e concordo com a intromissão de órgãos/pessoas
competentes em minha casa,não com o intuito de codificar,padronizar ou regimentar
a minha forma de praticar caridade,mas sim para supervisionar a qualidade de
meus trabalhos,a transparência e a honestidade de nossos atendimentos e verdade
de nossas entidades, se não for prá isso, suas mensagens,convites para
eventos,e-mails de congratulações regados de elogios interesseiros e
bajuladores se fazem totalmente desnecessários em meu terreiro de umbanda
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